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Tempo de leitura: 3 MinutosConfesso que fui pego de surpresa com essa notícia, mas que não me causou espanto. É meio óbvio que a IBM compre a Redhat, pois a empresa tem tudo a ver com Linux, e compra da Redhat por US$ 34 Bilhões lhe dará um salto imenso em expertise e know-how, e “de quebra” atrairá todos holofortes para sí por tornar-se, da noite para o dia, fornecedora de tecnologias para empresas provedoras de Cloud Computing, o que a colocará de “volta ao jogo” e aumentará suas receitas já no curto prazo.
Para se ter idéia, a Redhat fatura pouco mais de US$ 3 Bilhões por ano com o seu modelo de negócios atual, é referência em Linux, núvem e treinamentos, e suas ações sobem ano após ano. Os US$ 34 Bilhões, US$ 190 por ação, foi pouco. Esse valor sim me causou espanto.
A IBM tem uma ótima identidade com Opensource, pois sempre o apoiou contudentemente, e foi ela a primeira grande empresa a apoiar Linux. O fato da IBM comprar a Redhat, e não outra empresa, me dá até um certo conforto. Imagine se a Microsoft compra a Redhat. Seria muito bizarro.
O mundo Linux: Fedora, Centos e RHEL
As três distribuições Linux que gravitam a órbita da Redhat são Fedora, Centos e o próprio RHEL. Não espero qualquer mudança no modelo de negócios do RHEL. Minha dúvida fica por conta do Fedora e do Centos.
O Fedora é como um ambiente de testes da Redhat. É nele onde a Redhat lança coisas que precisam ser testadas pelos usuários finais para somente então serem lançadas no RHEL. Isso sempre funcionou muito bem e deve continuar. Talvez mude alguma coisa, mas seu propósito, seu core business, deve permanecer.
Minha grande dúvida é o Centos. Ele é um fork do RHEL, logo é um rival de mercado. A questão é que a Redhat dá suporte ao desenvolvimento do Centos, e talvez deixe de suportá-lo o deixando sob os cuidados exclusivos da comunidade.
Obs.: Não seria completamente ilógico se a IBM/Redhat lançasse um Redhat Community no lugar do Centos ou fazendo uma fusão de Fedora e Centos. São possibilidades que sacudiriam o mercado.
Tendências: O que deve mudar
É cedo para falarmos disso. Cedo, mas inevitável. Nesse primeiro momento nada deve mudar, pois as atividades da Redhat são bem direcionadas a um público específico, e esse público ficaria orfam caso alguma mudança considerável fosse feita, o que poderia jogar milhares de clientes no mercado em busca de novas soluções, e isso a IBM não vai querer.
Mesmo a longo prazo, IBM e Redhat devem seguir como empresas distintas. Digo isso por que a marca Redhat é muito forte para ser extinta mesmo a longo prazo.
A tendência é que as grandes mudanças sejam feitas nas cadeiras executivas das empresas, com trocas entre as partes.
O fato é que veremos uma IBM forte novamente como grande fornecedora de hardware que ela é e, agora, de software também, atendendo clientes pequenos à clientes vertiginosamente grandes. A IBM, se tudo sair como esperado, será a empresa a ser batida pelos próximos anos no mundo server-side que inclui Cloud Computing.
Foi uma bela aquisição, IBM. Cuide bem da Redhat.